O número de nascimentos no Brasil atingiu em 2023 o menor patamar em quase 50 anos, com cerca de 2,5 milhões de registros. O dado, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), marca uma queda de 0,8% em relação a 2022 e consolida o quinto ano consecutivo de retração na natalidade brasileira.
O último número tão baixo havia sido registrado em 1976, quando o país contabilizou aproximadamente 2,4 milhões de nascimentos. Apesar disso, o IBGE alerta que os dados daquele período podem estar subestimados devido à subnotificação frequente na época.
População brasileira deve começar a encolher em 2042
As projeções demográficas do IBGE indicam que, mesmo com o crescimento atual, o Brasil atingirá o auge populacional em 2041, com cerca de 220 milhões de habitantes. A partir de 2042, a tendência é de declínio populacional, com estimativas apontando uma queda para 199,2 milhões de pessoas até 2070.
Esse cenário é resultado direto da redução da taxa de fecundidade, do envelhecimento da população e da mudança no perfil das famílias brasileiras.
Centro-Oeste vai na contramão e registra aumento de nascimentos
Enquanto as demais regiões apresentam queda, o Centro-Oeste foi a única região do país com aumento nos nascimentos em 2023, com alta de 1,1%. A região também foi destaque no número de casamentos, sendo a única com crescimento no indicador.
Entre os estados com maior alta nos registros de nascimento, os destaques foram:
Estado | Crescimento (%) |
---|---|
Tocantins | 3,4% |
Goiás | 2,8% |
Roraima | 1,9% |
Perfil das mães está mudando: mais de 30 e menos adolescentes
A pesquisa do IBGE também mostra uma mudança significativa no perfil das mães brasileiras. Em 2023, 39% das mulheres que deram à luz tinham mais de 30 anos, número muito superior aos 23,9% registrados há 20 anos.
Em contrapartida, o número de mães adolescentes (até 19 anos) caiu de 20,9% em 2003 para 11,8% em 2023. Apesar da tendência de queda, regiões do Norte ainda apresentam taxas altas de maternidade precoce:
Estado | Mães adolescentes (%) |
---|---|
Acre | 21,4% |
Amazonas | 20,5% |
Já o Distrito Federal lidera o ranking de mães com 30 anos ou mais, com 49,4% dos partos nessa faixa etária.
Fatores por trás da queda na natalidade
Especialistas apontam que a queda no número de nascimentos está associada a diversos fatores sociais e econômicos:
- Maior escolarização das mulheres
- Inserção feminina no mercado de trabalho
- Atraso no planejamento familiar
- Custo de criação de filhos
- Mudança de prioridades nas novas gerações
Além disso, o impacto da pandemia de covid-19 e a crescente urbanização também influenciaram a decisão de muitos casais em adiar ou evitar a maternidade.
Redação